sexta-feira, 28 de março de 2014

Assírios e Novos Babilônicos

Os assírios
Localizada ao norte da Mesopotâmia, a Assíria era uma região de solos pobres, por onde passavam com muita frequência os vários povos que desejavam entrar ou sair do vale mesopotâmico.
Por terem de se defender dos constantes ataques desses povos e conseguir alimentos para complementar sua baixa produção agrícola, os assírios desenvolveram a arte e a técnica da guerra, optando por conquistar riquezas, alimentos, terras e escravos por meio das armas.
Pouco a pouco, organizaram poderoso exército e, através de sucessivas campanhas militares, formaram um dos impérios mais extensos da Antiguidade. Durante os séculos VIII e VII A.C., seus domínios abrangiam toda a Mesopotâmia, a Síria, a Fenícia, a Palestina e o Egito.
Sobrevivendo das imensas riquezas tomadas dos povos conquistados, os assírios puderam aperfeiçoar táticas e armas de guerra. Duas de suas armas de guerra mais eficientes eram o carro de combate puxado a cavalo e o aríete.
Mas o que de fato os tornou conhecidos foi a extrema crueldade com que tratavam seus adversários, ou reprimiam revoltas no interior do império. Era comum, por exemplo, cortarem dedos, mãos e orelhas dos prisioneiros para depois os lançarem ao fogo ou às águas.
Desde o reinado de Assurbanipal, a violência e a opressão econômica e social impostas aos povos dominados vinham provocando inúmeras revoltas por todo o império Assírio.
Debilitado por essas rebeliões, o império desmoronou em 612 a.C., quando os caldeus (habitantes da Babilônia), auxiliados pelos medos (originários do planalto do Irã), conseguiram vencer, ocupar e destruir Assur, Nínive (a capital) e várias outras cidades assírias.

Os novos babilônios
Nos 73 anos que se seguiram ao fim do Império Assírio, os caldeus (ou novos babilônios) também se apoderaram de imensas áreas, constituindo o chamado novo Império Babilônico.
Durante as violentas campanhas militares chefiadas por Nabucodonosor, os novos babilônios arrasaram Jerusalém (586 a.C.), prenderam milhares de judeus e os forçaram a marchar como escravos para a Babilônia.

Contribuições culturais
Com as imensas riquezas obtidas em várias partes do império, Nabucodonosor ordenou a reconstrução da Babilônia, embelezando-a e transformando-a no principal centro cultural da sua época. Foi quando a cidade ganhou a célebre Torre de Babel (uma construção piramidal composta de vários pisos, encimados por um templo dedicado ao deus Marduk) e os famosos Jardins Suspensos da Babilônia, tidos como uma das “sete maravilhas do mundo”.
Como acontecera com os outros impérios mesopotâmicos, o novo Império Babilônico também foi abalado por revoltas internas, invadido e conquistado. A conquista deu-se em 539 a.C.. Os conquistadores eram os persas chefiados por Ciro, o Grande.

Antigos Babilônicos

Imagem: Código de Hamurabi

Os antigos babilônios
            Os amoritas estabeleceram-se no centro-sul da Mesopotâmia, onde construíram a cidade da Babilônia. Daí o fato de serem chamados também de antigos babilônios.
            Pouco a pouco, os antigos babilônios foram vencendo seus vizinhos e, liderados por Hamurabi, constituíram um poderoso império, que ia desde o golfo Pérsico, ao sul, até os montes Zagros, ao norte.

Contribuições culturais
            Durante os 43 anos de seu reinado, Hamurabi ocupou-se pessoalmente da administração de seu império, chegando a coordenar a construção de numerosos edifícios públicos.
            Sua obra mais célebre, porém, foi um código de leis que influenciou e ainda influencia o mundo civilizado: O Código de Hamurabi.
            Considerado como o primeiro conjunto de leis escritas da História, o Código de Hamurabi define numerosos tipos de crimes e a penalidade correspondente a cada um deles.



O Código de Hamurabi (A lei de Talião) 
            Para alguns tipos de crimes, adotava-se a lei de talião, expressa na frase “olho por olho, dente por dente” 
Leis do Código de Hamurabi 
•          Se um mercador pediu emprestado trigo ou prata a um mercador e não tem trigo o prata para pagar mas tem outros bens, deve mostrar tudo o que tem perante testemunhas e dará do que possui ai seu prestamista. O mercador prestamista não pode recusar.
•          Se um homem toma uma mulher e não se estabeleceu um contrato, então essa mulher não é esposa.
•          Se um homem tomou uma criança para adotar com o seu próprio nome, e a educou, este filho adotivo não pode ser reclamado.
•          Se um homem cegou o olho de um homem livre, o seu próprio olho será cego.
•          Se cegou o olho de um escravo, ou quebrou-lhe um osso, pagará metade de seu valor.
•          Se um médico tratou, com faca de metal, a ferida grave de um homem e lhe causou a morte ou lhe inutilizou um olho, as suas mãos serão cortadas.
•          Se um construtor fizer uma casa e esta não for sólida e caindo matar o dono, este construtor será morto.
(Secretária de Estado de Educação (SP) – Coletânea de documentos históricos, de 5ª a 8ª séries.p.21)

            O código interfere também na economia, definindo valores para salários, aluguéis e arrendamentos, fixando normas de comércio e protegendo a propriedade.

Fim dos antigos babilônios

            Após o governo de Hamurabi, diversos povos – que inclusive já guerreavam a cavalo – conquistaram a Babilônia, provocando a desintegração do Primeiro Império Babilônico. Por volta do século VIII a.C., esses povos foram vencidos pelos assírios, nome dado aos nativos da Assíria.
Fonte imagem: http://www.ebanataw.com.br/roberto/pericias/codigohamurabi.htm

Sumérios e Acádios


Os Sumérios
             Os sumérios vieram das montanhas da Ásia Central à procura de terras férteis e, por volta do ano de 3500 a.C., estabeleceram-se no sul da Mesopotâmia, nas proximidades do golfo pérsico.
            Como nessa região as chuvas são escassas, desde muito cedo os sumérios tiveram de aprender a desviar e armazenar as águas do Tigre e do Eufrates, e com isso puderam cultivar uma grande quantidade e variedade de alimentos..
            Com o tempo, foram construindo importantes cidades-Estados como Ur, Uruck, Lagash e Nippur.
            Cada cidade-estado era governada por um patesi, que, além de sumo sacerdote, era o chefe político e militar.
            De acordo com muitos especialistas, os sumérios foram os inventores da escrita. Essa invenção nasceu da necessidade de se resolver problemas práticos como, por exemplo, registrar o tipo de cereal estocado em um celeiro, o número de cabeças de gado destinado à troca ou a lista dos responsáveis pelo abastecimento de um templo.
            Os sumérios escreviam em tabuinhas feitas de argila, usando um estilete de extremidade triangular que deixava sinais em forma de cunha. Por isso, essa escrita recebeu o nome de escrita cuneiforme.
            As cidades sumérias viviam guerreando entre si com o objetivo de estender sua dominação sobre todo o território. Esses conflitos intermináveis foram retirando a força e o brilho dessas cidades. Isso facilitou a ação dos acádios, um povo de origem semita que invadiu a região e se fixou ao norte da Suméria.


Os acádios
            Nessa região, os acádios fundaram várias cidades independentes, entre as quais se destacou Acad.
            Fazendo uso do arco e flecha – arma desconhecida pelos sumérios – em 2300 a.C., aproximadamente, os acádios conquistaram todas as cidades sumérias. A seguir, expandiram-se também em direção ao norte e, liderados por Sargão I, dominaram toda a Mesopotâmia,  constituindo, assim um vasto império.

            O império Acádio, entretanto, não conseguiu se  manter por muito tempo. Enfraquecido por constantes rebeliões internas, se desintegrou quando foi invadido por guerreiros nômades. Por volta de 2000 a.C., chegaram os amoritas, um povo semita vindo do deserto da Arábia.

Fonte imagem: http://michaelcritz.com/tag/typography/page/2/

terça-feira, 18 de março de 2014

Mesopotâmia


            A comprida e estreita faixa de terra que hoje corresponde aproximadamente ao território do Iraque foi chamada pelos antigos gregos de Mesopotâmia, que significa “entre rios”.
            Anualmente, quando a neve das montanhas da Armênia derretia, os rios Tigre e Eufrates inundavam o solo das terras próximas às suas margens, recobrindo-o com uma camada de lama fértil.
            Contudo os problemas causados por essas inundações obrigaram as comunidades a se empenharem na construção de barragens, diques e canais de irrigação, que ajudavam a controlar, armazenar e distribuir as águas das enchentes.
            A realização dessas grandes obras hidráulicas exigia desses povos um esforço coletivo e organizado sob a liderança e a coordenação de um governo central forte. Da necessidade de ter quem dirigisse a construção e manutenção dessas grandes obras públicas originou-se o Estado.
            À medida que o Estado foi se consolidando, os grupos que o controlavam foram acumulando poder e riqueza e passaram a impor o seu domínio  ao restante da população. Formaram-se, então, as classes privilegiadas e as não-privilegiadas. Ao que tudo indica, a Mesopotâmia foi o berço dos primeiros Estados e das primeiras sociedades divididas em classes.
            Por ser uma região fértil e de fácil acesso entre a Europa, Ásia e África, a Mesopotâmia atraiu muitos povos diferentes, que ali se estabeleceram, criaram culturas originais, guerrearam entre si, e foram construindo a chamada civilização mesopotâmica. Entre esses povos, merecem destaque: os sumérios, os acádios, os amoritas, (ou antigos babilônicos), os assírios e os caldeus (ou novos babilônicos).

A economia da Mesopotâmia
            A economia da Mesopotâmia baseava-se principalmente na agricultura, mas os povos da região desenvolveram também a criação de gado, o artesanato, a mineração e um ativo comércio à base de trocas que se estendia à Ásia, ao Egito e à Índia.


A organização social da Mesopotâmia
            A sociedade mesopotâmica era dividida em estamentos. Os estamentos eram camadas sociais, nas quais a posição social dos indivíduos dependia do nascimento. Os sacerdotes, os aristocratas, os militares e os comerciantes formavam os estamentos da minoria. A maioria da população era formada pelos artesãos, camponeses e escravos. 
Na Mesopotâmia havia um entrelaçamento entre politica e religião. Os reis exerciam as funções de sumo sacerdote, supremo juiz e comandante militar.

A religião mesopotâmica
            A religião era politeísta e os deuses antropomórficos. Destacavam-se: Shamach deus do Sol, Enlil, o deus dos ventos e da chuva; e Ishtar, a deusa do amor e da fecundidade. Não acreditavam na vida após a morte e não se importavam com os mortos, mas acreditavam em demônios, gênios, espíritos bons, magias e adivinhações. A importância que atribuíam aos astros levou-os a criar o zodíaco e os primeiros horóscopos.

Arte, ciência e literatura mesopotâmica
            A astrologia fez com que desenvolvessem  conhecimentos de astronomia e matemática. Calculavam a duração correta da semana em 7 dias e o dia em 12 horas duplas. O sistema numérico de base 60 permitiu que chegassem aos graus, segundos, minutos e horas. Na literatura, destaca-se a Epopéia de Gilgamesh, além de textos religiosos.
            A Epopéia de Gilgamesh, cujo autor é anônimo, conta que o herói Gilgamesh, encantou inúmeras mulheres e derrotou poderosos adversários, mas não conseguiu vencer a morte, aquele que era justamente o seu maior sonho! 
Referências e imagens: http://projetoleiah.tripod.com/resumo/locais/mesopot1.htm

Civilização: As dificuldades de um conceito

            A palavra civilização é utilizada com diferentes significados. Na linguagem comum, dizemos que alguém é civilizado quando é “bem educado”, tem “boas maneiras”.
            Quando nos referimos aos povos, o sentido é bem diferente. A palavra civilização começou a ser utilizada na França, em meados do século XVIII, com um sentido evolucionista de progresso. Segundo esse conceito, toda a humanidade passaria por etapas sucessivas de evolução social. Assim alguns cientistas montaram classificações evolutivas em que procuraram enquadrar todas as sociedades, desde o Paleolítico até os dias atuais. Nessas classificações, civilização corresponderia as altas culturas, que seriam superiores as culturas consideradas primitivas, selvagens ou bárbaras.
            Grande parte dos historiadores, antropólogos e demais estudiosos da atualidade rejeitam essas noções de superioridade ou inferioridade cultural entre os povos. As sociedades humanas são diferentes, mas não se pode hierarquizá-las, numa classificação linear.
            No entanto, o termo civilização continua sendo bastante utilizado nos estudos históricos. Neste texto, vamos utilizá-lo para nos referir a uma forma própria de organização social. Neste sentido nas palavras do historiador Jaime Pinsky, Civilização não é elogio, e pré civilizado não pode ser tomado como ofensa (Jaime Pinsky – As primeiras civilizações. São Paulo, Atual, 1994, p.46)
            Vejamos, no texto a seguir, como o arqueólogo Robert Braidwood caracterizou o que ele entende por civilização:
Significado de Civilização
            Não vou tentar definir o que é civilização, antes direi o que a palavra me traz à mente. Para mim, civilização significa urbanização; o fato de haver cidades. Significa uma organização política formal, ou seja, que existam reis ou corpos de governo que o povo tenha estabelecido. Significa a existência de leis formais, regras de conduta que o governo (se não o povo) considera necessárias. Provavelmente também significa que, depois de as coisas se terem estabelecido completamente, há projetos formalizados – estradas, portos, canais de irrigação, etc., além de algum tipo de exército ou força policial para protegê-los. Significa formas de arte bastante novas e diversificadas. Em geral, significa que há um sistema de escrita. (O povo dos Andes – os incas tinha tudo que  se requer para constituir uma civilização, exceto um sistema formal de escrita. Não vejo razão para dizer que não fossem civilizados…).
            Você pode sentir, com razão, que uma grande quantidade de idiossincrasia pessoal está envolvida nas várias caracterizações ou definições oferecidas à palavra civilização. (Robert J. Braidwood, obra citada. p155-156) (Trecho do livro de Gilberto Cotrim)