segunda-feira, 15 de março de 2010

Reforma Protestante


Introdução
No início dos tempos modernos, a Igreja foi o alvo preferido das críticas sociais. Todo o processo de crítica e descontentamento contra a Igreja Católica desembocou num movimento de rompimento religioso: a reforma Protestante. Foi essa reforma, realizada no século XVI, que promoveu a ruptura do cristianismo ocidental, fazendo surgir outras igrejas.

Causas da Reforma Protestante
Fatores religiosos, socioeconômicos e políticos levaram ao movimento da Reforma Protestante. Vejamos os principais:
• Corrupção: Venda de relíquias sagradas e indulgências: Para ganhar dinheiro o clero iludia as pessoas através do comércio de relíquias sagradas. Milhares de pessoas eram enganadas comprando espinhos da coroa de Cristo, palhas da manjedoura de Jesus, panos embebidos pelo sangue do rosto do Salvador, objetos pessoais dos santos.
Além desse comercio fraudulento, a Igreja passou a vender indulgências, isto é, o perdão dos pecados. Mediante um bom pagamento, destinado a financiar obras da igreja, os fiéis poderiam comprar a salvação e a entrada para o céu.
• Ignorância: desmoralização dos intermediários de Deus: A maioria dos sacerdotes desconhecia a própria doutrina católica e demonstrava absoluta falta de preparo para as funções religiosas. Além disso, os sacerdotes tinham um mau comportamento o que representava sério problema, pois a Igreja dizia que os sacerdotes erram intermediários entre os homens e Deus. Ora, se esses intermediários mostravam-se ignorantes e incompetentes, era preciso buscar novos caminhos para o encontro com Deus
• Imprensa: divulgação dos textos sagrados: Com a utilização da imprensa, aumentou-se o número de exemplares da Bíblia que podiam chegar às mãos dos estudiosos e da população. A divulgação dos textos sagrados e de outras obras religiosas contribuiu para o surgimento de diferentes interpretações da doutrina cristã foram influenciadas pelo espírito crítico da mentalidade renascentista.
• Burguesia: busca de uma nova ética religiosa: A Igreja Católica durante o período medieval condenava o lucro excessivo (a usura) e defendia o preço justo. Essa moral econômica entrava em choque com a ganância da burguesia. Grande número de comerciantes não se sentia à vontade para tirar o lucro máximo nos negócios, pois temiam ir para o inferno.
Os defensores dos grandes lucros econômicos necessitavam de uma nova ética religiosa, mais adequada à época de expansão comercial e de transição do feudalismo para o capitalismo, a ética protestante mostrou-se mais identificada com o espírito dos tempos modernos.
• Estado Moderno: Sentimento nacionalista: Com o fortalecimento das monarquias nacionais, os reis passaram a encarar a Igreja, que tinha sede em Roma e utilizava o latim, como entidade estrangeira que interferia em seus países. A Igreja por seu lado, insistia em se apresentar como instituição universal que unia o mundo cristão.
Essa noção de universalidade, entretanto perdia força, à medida que crescia o sentimento nacionalista. Cada Estado, com sua língua, seu povo e suas tradições, estava mais interessado em afirmar as diferenças do que as semelhanças em relação a outros estados. A Reforma Protestante correspondeu a esses interesses nacionalistas. Exemplo: a doutrina cristã dos reformadores foi divulgada na língua nacional de cada país e não em latim, o idioma oficial da Igreja.

REFORMA CALVINISTA
João Calvino
João Calvino (1509-1564): Nasceu em Noyon, na França, país que estudou Teologia e Direito.
Aderindo às idéias protestantes, Calvino foi considerado herege e, por isso, perseguido pelas autoridades católicas francesas. Em 1534, acabou fugindo para a Suíça, onde o movimento reformista já se desenvolvia.

A ética calvinista: predestinação divina
Ética é conjunto dos princípios, normas e valores que devem guiar a conduta humana, orientando-a para o caminho da virtude e do bem.
Em 1536, Calvino publicou sua principal obra, as Institutas Cristãs, na qual afirmava que o ser humano estava predestinado a merecer o céu ou o inferno. Explicava que Deus tinha eleito algumas pessoas para serem salvas, enquanto outras seriam condenadas à maldição eterna.
De 1541 a 1560, Calvino foi o governante absoluto da cidade suíça de Genebra. Durante esse período, Genebra ficou submetida a um governo teocrático, isto é, que dirige a sociedade misturando política e religião.

A fé burguesa
A prosperidade econômica e a riqueza material foram interpretadas pelos seguidores de Calvino como um sinal da salvação predestinada.
Assim, o calvinismo foi bem recebido pela burguesia comercial, que desejava uma ética religiosa que justificasse sua ambição material (lucro máximo).
Correspondendo aos interesses da burguesia, o calvinismo espalhou-se por países onde se expandia o capitalismo nascente, como França, Inglaterra, Escócia e Holanda.

PRINCIPAIS CONSEQÜÊNCIAS DO MOVIMENTO REFORMISTA
Movida por um conjunto de fatores sociais, econômicos e políticos, a Reforma Protestante acabou com a supremacia da Igreja católica romana. As conseqüências desse movimento foram:
• Intolerância religiosa: Com o fim da unidade cristã, surgiram diversas seitas cristãs e um clima de grande disputa e intolerância entre elas. Essa intolerância provocou lutas e perseguições àqueles que pensavam de modo diferente. Essas perseguições levaram também muitas pessoas a imigrarem para lugares onde tivessem liberdade religiosa. Exemplo disso são os calvinistas que fugiram para a América e lá estabeleceram colônias de povoamento.
• Fortalecimento do absolutismo: em alguns países, os reis romperam com a Igreja católica romana, apoiando a formação de novas Igrejas ou mesmo criando a sua própria. Essa quebra e o enfraquecimento da autoridade do papa favoreceram o fortalecimento do poder real e a imposição do absolutismo.
• Expansão do capitalismo: nos países onde a Reforma se consolidou, a ética burguesa se impôs com mais facilidade. Deixando de condenar o lucro excessivo, a nova moral reformista favoreceu o desenvolvimento das práticas capitalistas.
• Contra reforma: Teve início dentro do catolicismo romano um amplo movimento de moralização do clero e da reorganização da Igreja, que ficou conhecido como a contra-reforma.

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