sábado, 10 de abril de 2010

Iluminismo


“Os homens só serão livres quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre” (Denis Diderot)

Introdução
O Iluminismo foi um movimento intelectual ocorrido no século XVIII, na França, que criticava o Antigo Regime. As idéias iluministas caracterizavam-se pela importância que davam a razão: rejeitavam as tradições e procuravam uma explicação racional para todas as coisas.
O Iluminismo tem suas origem no século XVII, mas desenvolveu-se no século XVIII, na França considerado o “Século das Luzes”.

Antigo Regime
Denominação da estrutura política, econômica e social que tinha como características: o absolutismo, o mercantilismo e a sociedade dividida em estamentos.

Razão
Para o iluminismo a razão era a faculdade de fazer julgamentos e inferências (deduzir pela racionalidade).
Os iluministas afirmavam, ainda que a razão se opõe radicalmente à ignorância, à superstição e à aceitação de verdades baseadas na fé e na tradição.
Tal postura colocou-os contra as autoridades religiosas, acusando-as de manterem a humanidade na ignorância em proveito próprio. Apesar disso, mantinham a crença em Deus, por considerá-lo a “expressão máxima da razão”.

O que o iluminismo defendia
• Igualdade comercial e jurídica.
• Tolerância religiosa ou filosófica
• Liberdade pessoal e social.
Os pensadores iluministas tornaram-se porta vozes de todos aqueles que almejavam mudanças sociais, como o fim do poder absoluto dos reis e o triunfo das liberdades individuais.

O que o iluminismo criticava
Os princípios iluministas chocavam-se com os do Antigo Regime. Assim o iluminismo criticava:
• O absolutismo monárquico: porque protegia a nobreza e o clero mantendo seus privilégios. Além disso, impediam os burgueses de participarem do poder. As regalias da nobreza deviam-se ao fato de serem bem nascidos.
• O mercantilismo: porque a intervenção do Estado na economia era considerada prejudicial ao comércio e ao enriquecimento da burguesia.
• O poder da Igreja: porque esse baseava-se em verdades reveladas pela fé. Isso chocava-se com a liberdade do indivíduo para elaborar conceitos, normas, idéias e teorias.

Pensadores Iluministas

René Descartes era filósofo, matemático, cientista e um dos pioneiros do movimento iluminista.
Na sua obra, Discurso sobre o Método, Descartes afirma que para se chegar ao conhecimento é preciso fazer uma crítica a todo saber acumulado pelo ser humano, o que se consegue usando a dúvida como método. Assim sendo, segundo ele, é preciso duvidar de tudo o que se vê ou se ouve e até mesmo das verdades estabelecidas pela ciência.
“Para Descartes, o ato de duvidar permite ao homem comprovar sua própria existência, pois quem dúvida pensa, e quem pensa existe. Assim sendo ele chegou a sua proposição básica: ‘Penso, logo existo’” (BOULOS, Jr.,A. História Geral.v.2, FTD, 1995)

John Locke (1632-1704), filósofo inglês.
Na sua obra Ensaio Sobre o Entendimento, Locke elabora uma nova teoria sobre o conhecimento. Para ele, ao nascer, o homem é uma tábula rasa, um papel em branco. Aos poucos através da experiência, a mente humana vai registrando idéias simples. Depois, organizando, comparando e relacionando tais idéias por meio da razão, chega a elaborar idéias complexas.
No plano político, Locke contribuiu para o combate ao absolutismo negando a origem divina dos reis e afirma que o governo nasceu de um acordo, de uma relação contratual, entre governantes e governados. Diz que depois do acordo, os governados continuam tendo direito à vida, à liberdade e à propriedade e que, se não forem respeitados, Têm o direito de se revoltar contra o governo.

Montesquieu (1689-1755), jurista, filósofo e escritor.
Na sua principal obra, O Espírito das Leis, contrariou os pensamentos religiosos de Bossuet*.
Nesse mesmo livro, Montesquieu expôs sua teoria dos três poderes. Partindo da idéia de que “qualquer pessoa que tenha o poder tende a abusar dele” propõe a divisão do poder político em três: Legislativo, para elaborar e aprovar leis; Executivo, para executar as leis e administrar o país; Judiciário, para fiscalizar o cumprimento das leis. Para esse pensador francês os poderes deveriam ser autônomos. Ou seja, cada um deles deveria atuar de modo a impedir o abuso de poder dos outros dois.

Voltaire (1694-1778), filósofo.
Foi um dos mais famosos pensadores do Iluminismo. Com seu estilo literário irônico e vibrante, destacou-se pelas críticas que fez ao clero católico, à intolerância religiosa e à prepotência dos poderosos.
Em termos políticos não era propriamente um democrata, mas defensor de uma monarquia respeitadora das liberdades individuais, cujo soberano governaria guiado pelo pensamento iluminista – era o Despotismo Esclarecido.
Uma de suas maiores marcas era a defesa da liberdade de pensamento que ele expressou em uma celebre frase:
“Posso não concordar com nenhuma das palavras que você diz, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las”

Rousseau (1712-1778), filósofo.
Era um democrata convicto expressando o pensamento das camadas mais baixas da população. Foi uma exceção entre os iluministas, pois criticava a alta e média burguesia e a propriedade privada.
Numa de suas principais obras, O Contrato Social, afirma que o povo é soberano e que o fundamental é a vontade da maioria expressa através do voto universal “Se o governo eleito pela maioria não estiver representando, o povo não só pode, como deve substituí-lo”.
Os revolucionários franceses resumiram a essência do pensamento democrático de Rousseau em três palavras: “liberdade, igualdade e fraternidade”, que compuseram o lema da Revolução Francesa.
Em uma de suas obras: “Discurso sobre a origem da disigualdade entre os homens” Afirmava que o surgimento da propriedade privada era responsável pelas infelicidades e desigualdades sociais.
“O primeiro que concebeu a idéia de cercar uma parcela de terra e de dizer ‘isto é meu’, e que encontrou gente suficientemente ingênua que lhe desse crédito, este foi o autentico fundador da sociedade civil. De quantos delitos, guerras, assassínios, desgraças e horrores teria livrado o Gênero humano aquele que, arrancando as estancas e enchendo os sulcos divisórios, gritasse: ‘cuidado, não daí crédito a esse trapaceiro, perecereis se esqueceres que a terra pertence a todos’”

Enciclopédia
Obra que sintetizava o pensamento iluminista era composta, por 35 volumes. Contribuiu para difundir as novas idéias. Foi organizada por dois pensadores do Iluminismo: Denis Diderot e Jean D’Alembert.

Fisiocratas
Condenavam o mercantilismo e a intervenção do Estado na economia. A natureza era a fonte de toda a riqueza, daí a supremacia da agricultura sobre o comércio.
Ao contrário dos mercantilistas, consideravam o comércio uma atividade econômica estéril, que não produz riquezas, mas simplesmente as troca. Condenavam também a intervenção do Estado na economia, afirmando que a economia funciona por si mesma, impulsionada por leis naturais. Seu lema Laissez faire, laissez passes, le monde va de lui-même – Deixai fazer, deixai passar, que o mundo anda por si.
Expoentes: Quesnay, Turgot e Gournay.

Adam Smith (1723-1790), escocês, economista.
Influenciado pelas idéias fisiocratas elaborou as bases do liberalismo econômico. Defendia um sistema econômico baseado na liberdade da concorrência e na lei da oferta e procura. Negava a intervenção do estado sobre a economia.
Em seu livro A riqueza das Nações defendeu a teoria de que a economia funcionava por si mesma, como se houvesse uma “mão invisível” a dirigi-la. Para Smith a fonte da riqueza era o trabalho.

Despotismo Esclarecido
O Despotismo Esclarecido foi à tentativa de alguns monarcas absolutistas de adaptar idéias iluministas a política absolutista. Para isso introduziram várias reformas.
Como exemplos das reformas do absolutismo ilustrado podemos citar:
• Educação: incentivo a educação pública através da construção de escolas, do apoio às academias literárias e cientificas e da divulgação de textos eruditos.
• Tributos: aperfeiçoamento do sistema de arrecadação tributária, procurando tornar menos opressiva a carga de tributos cobrados das classes populares.
Os representantes mais destacados foram Frederico II da Prússia, Catarina II da Rússia, José II da Áustria, Marques de Pombal, ministro de Portugal.

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