segunda-feira, 30 de abril de 2012

Cruzadas 2/2


Primeira Cruzada (1095-1099)
O papa Urbano II, recebeu do imperador bizantino Aleixo I Comneno, o pedido de ajuda militar contra os infiéis muçulmanos. No Concílio de Clermont, em 1095, o papa convocou os fiéis cristãos para uma guerra santa contra o Islão. Os cavaleiros tomaram a cruz branca como símbolo da cruzada.
Antes da partida dos cavaleiros, um grupo de fiéis exaltados, originários das baixas camadas sociais, partiu em direção a Jerusalém, sob a liderança do místico Pedro, o Eremita. Sem organização, armamento e sistema de abastecimento, a Cruzada dos Mendigos, foi totalmente destruída ao chegar à Ásia Menor.
Em 1096, partiram oficialmente os cavaleiros da Primeira Cruzada.  Seus chefes eram Roberto da Normandia, Godofredo de Bulhão, Balduíno de Flandres, Roberto II de Flandres, Raimundo de Tolosa, Boemundo de Tarento e Tancredo, chefe normando do sul da Itália.
Passando por Constantinopla, onde receberam o apoio do imperador bizantino, os cruzados sitiaram Nicéia; tomaram o Sultanato de Doriléia, na Ásia Menor; conquistaram Antioquia; e finalmente avançaram sobre Jerusalém, conquistada em 15 de julho de 1099, depois de um cerco de cinco semanas.
Os chefes cruzados fundaram então uma série de Estados Cristãos no Oriente Médio, cuja organização obedecia ao sistema existente na Europa, o feudalismo.


Texto de Antonio Mendonça
Traçar a notável história dos Templários leva-nos a uma viagem pela Europa com a história no século XI no tempo das Cruzadas. Nesse tempo, o que conhecemos agora como países da Europa não tinham emergido ainda. O continente era uma amálgama de reinos menores, cada um com seu governo próprio.  Muitas das disputas contínuas entre reinos eram iniciadas por "guerrinhas”. Não era um bom lugar para viver. Especialmente se você fosse um camponês.
Mesmo assim o povo era unido por uma religião comum: A religião Cristã.  Todos, dos nobres nos seus castelos aos camponeses nas suas rudimentares habitações, conformados à diária, semanal e anual adoração.  O papa, sendo a cabeça da igreja, era representante de Deus na terra.  Tinha suficiente poder para desafiar reis e imperadores.  A palavra do Papa era lei. E esta podia alcançar a mais insignificante aldeia na Grã Bretanha rural, através de uma rede vasta de padres. Durante séculos uma sucessão de papas ousou ter uma guerra de palavras com as casas reais de Europa numa tentativa de criar um império cristão unificado.
Em 1095 os ferozes turcos de Seljuk, guerreiros nômades recentemente convertidos ao Islão, tinham avançado a Leste e tinham estabelecido a sua própria capital a uma distância de 100 milhas de Byzantium (conhecida como Constantinopla, hoje Istambul), a capital do império romano oriental cristão. Instalado o pânico, o Imperador Alexius de Byzantium emitiu uma mensagem ao papa Urbano II, pedindo-lhe ajuda.
Urbano compartilhava o sonho do predecessor de um reino cristão que se estenderia da costa atlântica até à ocidental Terra Santa, unificado sob a batuta papal. O apelo de Alexius para a ajuda serviu perfeitamente as suas finalidades. Urbano, entretanto, não estava satisfeito com a idéia de unicamente defender Byzantium.  Não, este ambicioso papa queria libertar a própria Cidade Santa de Jerusalém, que fora ocupada pelos muçulmanos desde os meados do século VII. Aqui estava uma oportunidade de demonstrar o seu poder aos reinos da Europa. Uma oportunidade única de auto-promover o seu nome.
Numa extraordinária excursão de diplomacia, Urbano visitou inicialmente o sul e ao oeste da França, espalhando a notícia de um grande convênio a ser realizado em Clermont, uma cidade no centro-sul da França. Assistiram à reunião centenas de personalidades.  No dia final, Urbano levantou-se para fazer um discurso. Traçando um retrato terrível da crueldade dos turcos, apelou para que todos os cristãos se esquecessem das suas discussões com o companheiro cristão, e que respondessem à apaixonada chamada para uma grande Cruzada para libertar Jerusalém.
O apelo foi rapidamente remetido através da Europa pela rede da igreja.  Desta maneira, o papa contornou os monarcas dos países europeus e apelou diretamente aos nobres, e aos seus súbditos. Àqueles que viam a guerra como um ato anticristão, Urbano explicou que as palavras da Bíblia tinham sido mal interpretadas. Embora o sexto mandamento indique claramente, não matarás, agora era somente um pecado matar cristãos. Matar muçulmanos era perfeitamente aceitável.  Além disso, Urbano prometia que qualquer um que morresse na batalha estaria perdoado de todos os seus pecados nesta vida e na seguinte seria garantido um bilhete ao para o céu. Mas advertiu também que quem desertasse seria excomungado pela sua covardice.
De entre os cavaleiros de guerra da Europa, muitos dos quais não estavam particularmente bem financeiramente, a oportunidade de pilhar as cidades ricas do leste era irresistível. E com a benção de Deus! De todos os cantos, cavaleiros e camponeses - frequentemente com as famílias inteiras a reboque - marchavam através da Europa com destino a Byzantium. A primeira Cruzada estava em marcha.
Os livros escolares pintavam um retrato romântico da primeira Cruzada: cavaleiros nas suas lindas armaduras lutavam contra os árabes infiéis em nome de Deus. Na realidade, nada podia estar mais longe da realidade.
O mundo árabe era relativamente calmo e civilizado naquela época. A um cavalheiro árabe esperava-se que fosse um poeta e um filósofo assim como um guerreiro. Tinham calculado corretamente a distância da terra à lua. E um árabe tinha sugerido mesmo que se fosse possível dividir o átomo, libertaria suficiente energia para destruir uma cidade do tamanho de Bagdá. Além disso, a própria Jerusalém era uma cidade multicultural. Os judeus, os muçulmanos e os cristãos viviam harmoniosamente. Era permitida aos cristãos em peregrinações a Jerusalém atravessar os lugares Santos.
Em contraste com o bando de Europeus bárbaros que atingiam o Médio Oriente, eram um monte de selvagens em fúria. Queimava-se, pilhava-se, violava-se e destruía-se à sua maneira através da Europa e dos Bálcãs. Quem chegou primeiramente a Byzantium na resposta à chamada de Alexius para a ajuda foi um conjunto 15 000 vagabundos, conduzidos por um monge carismático chamado Pedro o eremita.
O imperador ficou horrorizado. Esperava talvez uma ou duas centenas de cavaleiros armados do papa. Certamente não iria deixar entrar Pedro e os seus desordeiros bárbaros na sua cidade. Foram seguidos por milhares de Francos e de povos germânicos, incluindo cavaleiros e seus seguidores. Alexius enviou-os a todos desordeiramente através do Bósforos na Turquia. Estava feliz por vê-los pelas costas.
Quando os Cruzados chegaram à Turquia do norte, o massacre começou. A cidade de Lycea foi capturada e loteada.  Os relatórios diziam que bebês tinham sido retalhados.  Os idosos eram sujeitos a todos os tipos de tortura. Infelizmente, a maioria dos habitantes de Lycea eram realmente Cristãos.
Os distúrbios continuaram para Sul até à Terra Santa. Após os confrontos com os Turcos os Cruzados regressavam ao campo de batalha com cabeças de muçulmanos enfiadas nas lanças. Numa ocasião fizeram prisioneiros de guerra transportar as cabeças dos seus próprios colegas. Cinqüenta milhas a sul de Antiocia, quando capturaram a cidade Marrat, os cruzados deram-se inclusive ao canibalismo. Como Radulph de Caen, observou. "As nossas tropas cozem pagãos adultos na panela. Enfiam as crianças no espeto e devoram-nas grelhadas". Estes não foram os agentes de Deus. Foram tão somente um bando de carniceiros sanguinários.
Eventualmente, em Junho de 1099, eles chegam a Jerusalém, a qual foi sitiada e capturada em Julho. Os primeiros a porem os pés nas muralhas da Cidade Santa foram dois irmãos flamengos. Por essa proeza tornaram-se heróis legendários. Eles eram tão famosos quanto Neil Armstrong o é hoje. Os Cruzados infringiram medonha carnificina nos indefesos habitantes, massacrando Judeus e Muçulmanos nos seus locais de culto. Foi afirmado que o sangue jorrava pelas pernas dos cavaleiros.
Mas os Cruzados foram julgados por terem sido estonteantes de sucesso.  A Cidade Santa tinha sido recapturada aos infiéis.

Segunda Cruzada (1147-1149)
Dirigida por Conrado III da Alemanha e Luís VII da França.  Esta cruzada foi pregada na Europa por São Bernardo (monge Cister).
A aliança de Conrado III com o imperador bizantino Miguel Comneno e de Luís VII com Rogério II da Sicília, ocasionou o rompimento entre os dois chefes cruzados. E, ao empreenderem ofensiva em terra, foram derrotados em Doriléia. 

Terceira Cruzada (1189-1192)
Esta cruzada foi organizada depois da conquista de Jerusalém pelo Sultão Saladino, em 1187. É a famosa Cruzada dos Reis. Participaram dela Ricardo Coração de Leão (Inglaterra); Filipe Augusto (França) e Frederico Barba Ruiva (Sacro Império).
Apesar de sua coragem e bravura, demonstrada nos combates, Ricardo Coração de Leão não conseguiu retomar Jerusalém, mas assinou um armistício com o Sultão Saladino, pelo qual os cristãos eram autorizados a peregrinarem até Jerusalém. 

Quarta Cruzada (1202-1204)
O papa Inocêncio III convocou mais uma cruzada, esta com a finalidade de dirigir-se ao Egito. Financiada pelos mercadores de Veneza e viciada em suas origens pelo interesse mercantil, acabaria inteiramente desvirtuada de seus objetivos cristãos.
A Quarta Cruzada assinalou o declínio mercantil de Constantinopla e a ascensão das cidades italianas, que passaram a monopolizar o comércio de especiarias no Mediterrâneo.

Quinta Cruzada (1217-1221)
A Quinta Cruzada tornou-se conhecida como a Cruzada das Crianças.  Para justificar as derrotas anteriores, difundiu-se a lenda de que o Santo Sepulcro só poderia ser conquistado por crianças, pois estas estavam isentas de pecados. Foram reunidas vinte mil crianças alemãs e trinta mil francesas e encaminhadas para Jerusalém. Foram todas exterminadas, aprisionadas ou vendidas como escravos nos mercados do Oriente.

Sexta Cruzada (1228-1229)
A Sexta Cruzada, organizada por André II, rei da Hungria, e comandada por Frederico II, do Sacro Império, entrou em acordo com o sultão de Damasco, obtendo por dez anos a posse de Jerusalém. Alguns anos mais tarde, os muçulmanos dominaram a região e o acordo foi rompido. 

Sétima e Oitava Cruzadas
Foram organizadas entre 1250 e 1270. Seu comando coube a Luís IX, rei da França. As duas malograram. Luís IX morreu vítima da peste, em Túnis, sendo canonizado pela Igreja.
No plano econômico, as Cruzadas foram diretamente responsáveis pela reabertura do Mediterrâneo à navegação e ao comércio da Europa.  Essa reabertura possibilitou o reatamento das relações entre o Ocidente e o Oriente, interrompidas pela expansão muçulmana. Contribuiu, assim para acelerar o Renascimento Comercial no ocidente da Europa.
O fracasso das Cruzadas contribuiu indiretamente para a decadência do sistema feudal. O reaparecimento do comércio, intensificado pela reabertura do Mediterrâneo, propiciou o renascimento das cidades na Europa.
O Renascimento Comercial e Urbano do ocidente da Europa, a decadência do feudalismo, o declínio do poder da nobreza e o surgimento da burguesia foram, direta ou indiretamente, conseqüências das Cruzadas. 
Fonte: http://cavalaria.espiritual.vilabol.uol.com.br/cruzadas.htm
Imagem: http://profisabelaguiar.blogspot.com.br

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