Talvez seja esta a pergunta que você
esteja fazendo ao visitar esta coluna
Por isso me propus neste primeiro
encontro compartilhar convicções com relação a uma das minhas paixões
acadêmicas: a História.
Para começo de conversa, pode-se dizer
que o Brasil é um país "novo", quase sem história, pois seus cinco
séculos não parecem suficientes para criar uma consciência da importância desse
passado.
Isto se reflete na História da Religião
na América Latina e mais especificamente nos cerca de 150 anos de história do
protestantismo brasileiro. Sobre estes temas se têm produzido os mais diversos
registros historiográficos das mais diversas religiões. Através destes
registros se pode penetrar e conhecer um pouco mais do universo destas religiões.
Mas, sem dúvida, esta produção fica muito aquém quantitativamente, e em alguns
casos qualitativamente, se comparada à riqueza desta história.
Talvez isto aconteça porque quando se
fala em história, a maioria pensa em passado. Mas história significa ao mesmo
tempo os acontecimentos que se passaram e o estudo desses acontecimentos. A
grande contribuição da história está justamente em ajudar a explicar a
realidade que se vive no presente.
Mais que isso, ajudando a explicar a
realidade presente, ao mesmo tempo a história contribui para transformá-la.
Isto porque a história procura especificamente ver as transformações pelas
quais passaram as sociedades humanas. A transformação é a essência da história.
Um outro aspecto a destacar é o fato da
história ser a história do homem, visto como um ser social, vivendo em
sociedade. Segundo Vavy Pacheco Borges*, é a história das transformações
humanas, desde o seu aparecimento na terra até os dias atuais.
Desde o início, portanto, pode-se tirar
uma conclusão fundamental: quer se saiba ou não, quer se aceite ou não, todos
são parte da história, e todos desempenham nela um papel.
São os homens que fazem a história. Mas,
evidentemente, dentro das condições reais que encontram já estabelecidas, e não
dentro das condições ideais que sonham. Eis aí a razão de ser, a justificativa
da história, em seu segundo sentido: o conhecimento histórico serve para fazer
entender, junto com outras formas de conhecimento, a realidade atual.
Uma última consideração a ser feita é
que o conhecimento que a história produz nunca é perfeito ou acabado. Escrever
história não é estabelecer certezas, mas é reduzir o campo das incertezas, é
estabelecer um feixe de probabilidades. Não é dizer tudo sobre uma determinada
realidade, determinado objeto do passado, mas explicar o que nesses é
fundamental.
Todas as conclusões são provisórias,
pois podem ser aprofundadas e revistas por trabalhos posteriores. Como conclui
Vavy Borges: "Saberes absolutos" ou "verdades absolutas"
não servem aos estudiosos sérios da história. Servem apenas aos totalitários,
tanto de direita como de esquerda que, colocando-se como donos do saber e da
verdade, procuram, por meio da explicação histórica, justificar a sua forma de
poder.
Analisando sob este prisma, teóricos
como Michel de Certeau** vão enxergar a história como uma operação organizada
nos silêncios, nos não-ditos. Para ele há uma marca que é clara em todo o
processo de produzir história: a particularidade do lugar de onde fala o
historiador, o domínio em que este realiza uma investigação, e a influência
destes no resultado final de seu trabalho.
O que interessa para nós é entender que
por mais isolado que se encontre um grupo, uma comunidade ou mesmo um só
indivíduo, todos estão imbuídos de um passado, de uma memória e de uma
história. E construindo, reconstruindo ou desconstruindo esta história nos
encontraremos aqui quinzenalmente.
Fontes
* Vavy Pacheco Borges, O Que é História,
Brasiliense, 2001
** Michel de Certeau, A Escrita da
História, Editora Forense Universitária,1982.
Não sei quem é o autor, mas é uma matéria interessante
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