Na
eleição presidencial de 1960, a vitória coube a Jânio Quadros. Naquela época,
as regras eleitorais estabeleciam chapas independentes para a candidatura a
vice-presidente, por esse motivo, João Goulart, do Partido Trabalhista
Brasileiro (PTB) foi reeleito.
“Varrer a corrupção'' era o slogan de
Jânio Quadros, que fez da vassoura seu símbolo, para situá-lo como homem
honesto que iria limpar a vida pública brasileira, dando fim a toda e qualquer
corrupção. Foi o primeiro político brasileiro a transformar a política em
espetáculo, utilizando-se de gestos dramáticos e atitudes bombásticas para
angariar apoio popular. Mas fracassou na sua maior cartada desse tipo, ao
renunciar à presidência.
A
gestão de Jânio Quadros na presidência da República foi breve, durou sete meses
e encerrou-se com a renúncia. Nesse curto período, Jânio Quadros praticou uma
política econômica e uma política externa que desagradou profundamente os
políticos que o apoiavam, setores das Forças Armadas e outros segmentos sociais.
Sua
renúncia desencadeou uma crise institucional sem precedentes na história
republicana do país, porque a posse do vice-presidente João Goulart não foi
aceita pelos ministros militares e pelas classes dominantes.
A crise política
O
governo de Jânio Quadros perdeu sua base de apoio político e social a partir do
momento em que adotou uma política econômica austera e uma política externa
independente. Na área econômica, o governo se deparou com uma crise financeira
aguda causada por intensa inflação, déficit da balança comercial e crescimento
da dívida externa. O governo adotou medidas drásticas, restringindo o crédito,
congelando os salários e incentivando as exportações.
Mas
foi na área da política externa que o presidente Jânio Quadros acirrou os
ânimos da oposição ao seu governo. Jânio nomeou para o ministério das Relações
Exteriores Afonso Arinos, que se encarregou de alterar radicalmente os rumos da
política externa brasileira. O Brasil começou a se aproximar dos países
socialistas. O governo brasileiro restabeleceu relações diplomáticas com a
União Soviética (URSS).
Atitudes
de menor importância também tiveram grande impacto, como as condecorações
oferecidas pessoalmente por Jânio ao guerrilheiro revolucionário Ernesto
"Che" Guevara (condecorado com a Ordem do Cruzeiro do Sul) e ao
cosmonauta soviético Yuri Gagarin, além da vinda ao Brasil do ditador cubano
Fidel Castro.
Independência e isolamento
O
presidente Jânio Quadros esperava que a política externa de seu governo se
traduzisse na ampliação do mercado consumidor externo dos produtos brasileiros,
por meio de acordos diplomáticos e comerciais.
Porém,
a condução da política externa independente desagradou o governo
norte-americano e, internamente, recebeu pesadas críticas do partido a que
Jânio estava vinculado, a UDN, sofrendo também oposição das elites
conservadoras e dos militares.
Ao
completar sete meses de mandato presidencial, o governo de Jânio Quadros ficou
isolado política e socialmente. Jânio Quadros renunciou em 25 de agosto de
1961. Numa breve carta, em que explicava algumas das razões que o levaram a
renúncia, escreveu que se sentia esmagado:
“Forças terríveis levantam-se contra mim e
me intrigam ou infamam. Se permanecesse, não manteria a confiança e a
tranquilidade, ora quebradas e indispensáveis ao exercício da minha autoridade.
A mim não falta a coragem da renúncia. ”
Gilberto Cotrim, História e Consciência do
Brasil. Editora Saraiva,1995
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