terça-feira, 9 de maio de 2017

Independência da América Espanhola


Objetivo básico das Metrópoles
A colonização da América Latina foi essencialmente a de exploração. As metrópoles não tiveram intenção de alguma de construir nações fortes e desenvolvidas nessa parte das Américas. A política metropolitana era exatamente bloquear qualquer desenvolvimento autônomo da colônia.
A finalidade das metrópoles foi o de explorar o máximo das riquezas, das terras para latifúndio em benefício próprio.
 
Conflitos entre as colônias e metrópoles
Depois do primeiro século de colonização baseada na exploração começaram a surgir conflitos entre as colônias e as metrópoles. As raízes desse conflito encontravam-se no próprio sistema colonial, ou seja, na forma de opressão das colônias através do pacto colonial.
 
Pacto colonial
O Pacto colonial era o monopólio comercial entre as metrópoles e suas colônias. Ele determinava que a colônia só poderia comercializar com sua metrópole.
 
Rebeliões na América Latina
            Toda essa situação de opressão resultou em várias rebeliões na América Latina, dominada por portugueses e espanhóis.
As rebeliões foram promovidas pelas elites locais ligadas ao comercio. A principal razão das revoltas era defender os interesses dessas classes privilegiadas e por fim colocou em crise o sistema colonial.
 
Fatores que contribuíram para as independências
          Crise do sistema colonial: As elites locais e suas rebeliões proporcionaram que o próprio sistema colonial fosse questionado.
          Iluminismo e Revolução Francesa: Forneceram as ideias de liberdade política e econômica.
          Revolução Industrial Inglesa: Promoveu um grande aumento na produção e para que as mercadorias fossem exportadas era preciso abrir os mercados americanos fechados pelo Pacto colonial.
          Domínio Francês sobre a Espanha: O trono espanhol foi ocupado por José Bonaparte, irmão de Napoleão, em 1808. Esse fato enfraqueceu a administração espanhola sobre as colônias o que favoreceu a luta pelas independências.
          Independência dos Estados Unidos da América: Este promoveu a motivação para a Independência espanhola e portuguesa.
 
Independência das colônias espanholas – 3 fases
O processo de independência das colônias espanholas pode ser dividido em três fases.
 
1ª fase (1780-1810)
1780 – Rebelião no Peru liderado por um líder local chamado Tupac Amaru. O movimento foi reprimido pelos espanhóis e o líder da revolta foi preso e morto.
1804 – Independência do Haiti: Escravos negros se revoltam contra a elite branca que foi expulsa da ilha. Ela esteve unida com a República Dominicana entre 1822-1844. Em 1859 tornou-se uma república.
A população do Haiti atualmente é predominantemente negra compondo-se de 99% de negros e 1% de mulatos.
 
2ª fase (1810-1816)
Os movimentos de emancipação foram reprimidos pelas tropas espanholas. A principal causa do fracasso foi a falta de apoio dos países estrangeiros.
 
3ª Fase (1817-1828)
Reorganização dos movimentos de emancipação, que contavam com o apoio da Inglaterra e EUA.
Nessa fase destacaram-se:
  • Simón Bolívar: Responsável pela libertação da Venezuela, Colômbia e Equador.
  • José de San Martín: Responsável pela libertação da Argentina, Chile e Peru.
  • Agustín Itúrbide: Responsável pela libertação do México.
  • Somente Cuba e Porto Rico ainda permaneceram sob o domínio espanhol.
Cuba - 1898
            Cuba a maior ilha do Caribe foi descoberta em 1492 por Cristóvão Colombo. Sendo ocupada por espanhóis que utilizavam a ilha para produzir cana de açúcar e tabaco.
A luta pela independência cubana deu-se com a ajuda dos norte-americanos interessados em manter sua hegemonia sobre a ilha. Finalmente em 1898 conseguiu sua emancipação em relação à colônia espanhola. Porém, de 1902-1959 os EUA apoiaram uma sucessão de governos corruptos e sem ligação com o social.
A história cubana começa a tomar outro rumo quando em 1959 houve a Revolução Cubana liderada por Fidel Castro que terminou por instaurar o Regime Socialista em Cuba. 
 
Doutrina Monroe - 1923
            Em 1823, com a proclamação da Doutrina Monroe pelos EUA, a independência da América tornou-se irreversível.
Em 1823, o presidente James Monroe, em mensagem ao congresso, anunciou a disposição dos Estados Unidos em impedir qualquer país europeu de estabelecer colônias na América ou intervir em suas questões internas.
Essa mensagem ao Congresso americano, ficou conhecida como a Doutrina Monroe, e seu lema era: a América para os americanos. No entanto, seu verdadeiro significado era: a América para os Estados Unidos.
 
Divisão em vários países
Os líderes responsáveis pela independência da América Espanhola, como Simon Bolívar, desejavam manter ao menos a unidade dos antigos vice-reinos, mas suas tentativas malograram, pois uma série de guerras civis eclodiu culminando com a fragmentação em diversos estados comandados por lideranças locais.
Sob iniciativa do próprio Bolívar ocorreu a formação da Grande Colômbia formada pela Colômbia, Panamá, Venezuela, Equador e Peru, porém divergências internas culminaram na fragmentação em vários países.
 
Governo – Aristocracia Criolla
Os governos da América Espanhola foram assumidos pelos descendentes de espanhóis nascidos na América, os criollos. Eles formavam a classe dominante durante o período colonial e continuaram após as emancipações.
 
Independência Restrita - o sonho frustrado da maioria do povo
            A independência na América Latina não recompensou os pobres, os expropriados, nem aqueles que realmente lutaram contra o poder espanhol nos campos de batalha.
Quando a paz chegou, após a independência, os donos de terra e os grandes mercadores aumentaram suas fortunas, enquanto se ampliava a pobreza das massas populares oprimidas.
A burguesia latino-americana, verdadeira legião de parasitas, comemorou a independência em taças de cristal britânicas. Puseram em circulação as palavras de ordem da burguesia europeia. E nossos países punham-se ao serviço dos industriais ingleses.
A América Latina logo teve suas Constituições burguesas envernizadas de liberalismo, mas não teve uma burguesia criadora, no estilo europeu ou norte-americano, que se propusesse à missão histórica do desenvolvimento de um capitalismo nacional vigoroso.
As burguesias latino-americanas nasceram como simples instrumentos do capitalismo internacional. Foram simples peças da engrenagem mundial.
Assim, uma série de frustrações sucedeu à independência. Frustrações econômica, social e nacional. (Eduardo Galeano, As veias abertas da América Latina, Paz e Terra, 1978. p.128-9 (texto adaptado) in Cotrim, Gilberto, História e Consciência do Mundo.v2, Editora Saraiva,1999.p.111)

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