quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Ruptura Oligárquica - fim da Política Café com Leite


 

 Política do Café com Lei
Arranjo político que vigorou no período da Primeira República (mais conhecida pelo nome de República Velha), envolvendo as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais e o governo central no sentido de controlar o processo sucessório, para que somente políticos desses dois estados fossem eleitos à presidência de modo alternado. Assim, ora o chefe de estado sairia do meio político paulista, ora do mineiro. 

Voto de Cabresto
Nessa época, o voto era aberto, portanto havia por parte dos coronéis e oligarquias o controle do voto do eleitor.

Os conflitos que levaram à Ruptura Oligárquica

Ano de 1929 – Crise de superprodução
O ano de 1929 foi marcado por uma das maiores crises do capitalismo mundial. A principal causa dessa crise foi a superprodução da indústria norte-americana que, nos anos seguintes à Primeira Guerra Mundial, muito produzindo além das necessidades de compra do mercado internacional e do seu próprio mercado interno. Para se ter uma ideia do poderio industrial dos Estados Unidos, basta dizer que, no pós-guerra, esse país respondia por quase 50% de toda a produção industrial do mundo
 
29 de outubro de 1929 – Quebra da Bolsa de Nova Iorque
Um dos dias mais tenebrosos dessa crise foi 29 de outubro de 1929, quando ocorreu a queda vertiginosa de milhões de ações na Bolsa de Nova Iorque. As ações perderam quase todo seu valor financeiro. Empresas e bancos foram a falência, com o desdobramento da crise.
 
Desdobramento da crise
Com o desdobramento da crise, entre 1929 e 1932, a produção industrial dos Estados Unidos foi reduzida em 54%, deixando milhões de trabalhadores desempregados.

A Crise afetou outros países, inclusive o Brasil
A quebra da Bolsa de Nova Iorque abalou o mundo, afetando os países que dependiam de exportações para os Estados Unidos. Foi o caso do Brasil, que deixou de vender milhões de sacas de café. Nesse ano a produção brasileira de café havia atingido 21 milhões de sacas, mas as exportações ficaram em 14 milhões. Consequência: O preço do café despencou. Os cafeicultores entraram em pânico. Milhares de sacas de café foram queimadas, na tentativa de escassear o produto e segurar os preços. Tudo em vão. Foi impossível conter o desastre econômico que afetou a cafeicultora brasileira e abalou as estruturas da República Velha. 
 
Conflitos políticos brasileiros 
 
Ruptura política entre Minas Gerais e São Paulo
Além dos problemas econômicos, surgiu a ruptura política entre as lideranças de Minas Gerais e São Paulo. Não houve entendimento para indicar o candidato presidencial à sucessão de Washington Luís. Nas eleições de 1930, a oligarquia paulista apoiava o candidato Júlio Prestes, do PRP, enquanto os políticos mineiros apoiavam o nome de Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, que era governador de Minas Gerais.

O rompimento do acordo do “café com leite”, isto é, o desentendimento entre o PRP e O PRM, agitou o país. A oposição às oligarquias mais tradicionais aproveitou o momento para conquistar espaço político e formar alianças. 
 
Nasce a “Aliança Liberal”
Descontentes com a atitude de Washington Luís, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba formaram a Aliança Liberal e lançaram a candidatura de Getúlio Vargas à Presidência da República, com o governador paraibano João Pessoa como candidato a vice-presidência. 
 
Programa de governo dos candidatos
Júlio Prestes: O programa desse candidato não trazia novidades significativas.
Getúlio Vargas : Em contrapartida, o da Aliança Liberal propunha:  
 
  • Moralidade administrativa,
  • Voto Secreto,
  • Criação da Justiça Eleitoral
  • Anistia aos presos políticos
  • Criação de Leis Trabalhistas
  • Incentivo a produção Industrial.

O programa da Aliança Liberal tinha aceitação junto às classes médias e aos militares ligados ao Tenentismo. 
 
Explode a Revolução
Apurados os votos da eleição de 1930, Júlio Prestes tinha sido vitorioso, derrotando o candidato da Aliança Liberal, Getúlio Vargas.  
 
Conspiração contra o governo
Os líderes da Aliança Liberal não aceitaram o resultado da eleição e contando com o apoio de alguns militares passaram a conspirar contra o governo. Diziam que a vitória de Júlio Prestes não passava de uma fraude, um roubo. Na verdade, é difícil saber quem, dos dois lados, utilizou mais violência ou fraude para ganhar as eleições. A única certeza é que a oligarquia paulista foi mais eficiente nos métodos empregados. 
 
“Façamos a revolução antes que o povo o faça”
O clima de revolta aumentava no país. Nesse momento, o governador mineiro Antônio Carlos pronunciou a célebre frase que entrou para a história: “façamos a revolução antes que o povo a faça” . Tal frase mostra que as elites da Aliança Liberal tinham consciência de que era preciso assumir o comando das transformações, antes que outros grupos sociais o fizessem, levando o povo a promover mudanças mais profundas no país.
 
 
Morte de João Pessoa
A revolta contra as estruturas ganhou força e acelerou os acontecimentos, quando João Pessoa, candidato a vice-presidência foi assassinado por motivos pessoais e políticos, em 25 de julho de 1930. A morte do governador paraibano foi a gota d’água, a emoção que faltava para unir a oposição contra o governo. 
 
Explode a luta armada
Aproveitando a revolta popular (muitos culpavam o governo federal pelo assassinato), em 3 de outubro de 1930 os rebeldes liderados por Getúlio partiram do Rio Grande do Sul em direção ao Rio de Janeiro, dispostos a derrubar o governo. 
 
Início da Era Vargas
Reconhecendo o avanço da guerra civil, os militares do Rio de Janeiro, liderados pelos generais Mena Barreto e Tasso Fragoso, depuseram o presidente Washington Luís, no dia 24 de outubro, poucas semanas antes do fim do seu mandato. O poder foi entregue a Getúlio Vargas, chefe político da Revolução de 1930. Terminava a República Velha. Iniciava-se o período getulista ou a Era Vargas.
 

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