Primeira
Cruzada (1095-1099)
O papa Urbano II, recebeu do imperador bizantino Aleixo I Comneno, o
pedido de ajuda militar contra os infiéis muçulmanos. No Concílio de Clermont,
em 1095, o papa convocou os fiéis cristãos para uma guerra santa contra o
Islão. Os cavaleiros tomaram a cruz branca como símbolo da cruzada.
Antes da partida dos cavaleiros, um grupo de fiéis exaltados, originários
das baixas camadas sociais, partiu em direção a Jerusalém, sob a liderança do
místico Pedro, o Eremita. Sem organização, armamento e sistema de
abastecimento, a Cruzada dos Mendigos, foi totalmente destruída ao chegar à
Ásia Menor.
Em 1096, partiram oficialmente os cavaleiros da Primeira Cruzada. Seus chefes eram Roberto da Normandia,
Godofredo de Bulhão, Balduíno de Flandres, Roberto II de Flandres, Raimundo de
Tolosa, Boemundo de Tarento e Tancredo, chefe normando do sul da Itália.
Passando por Constantinopla, onde receberam o apoio do imperador
bizantino, os cruzados sitiaram Nicéia; tomaram o Sultanato de Doriléia, na
Ásia Menor; conquistaram Antioquia; e finalmente avançaram sobre Jerusalém,
conquistada em 15 de julho de 1099, depois de um cerco de cinco semanas.
Os chefes cruzados fundaram então uma série de Estados Cristãos no
Oriente Médio, cuja organização obedecia ao sistema existente na Europa, o
feudalismo.
Texto de Antonio
Mendonça
Traçar a notável história dos Templários leva-nos a uma viagem pela Europa
com a história no século XI no tempo das Cruzadas. Nesse tempo, o que
conhecemos agora como países da Europa não tinham emergido ainda. O continente
era uma amálgama de reinos menores, cada um com seu governo próprio. Muitas das disputas contínuas entre reinos
eram iniciadas por "guerrinhas”. Não era um bom lugar para viver.
Especialmente se você fosse um camponês.
Mesmo assim o povo era unido por uma religião comum: A religião Cristã. Todos, dos nobres nos seus castelos aos camponeses
nas suas rudimentares habitações, conformados à diária, semanal e anual
adoração. O papa, sendo a cabeça da
igreja, era representante de Deus na terra. Tinha suficiente poder para desafiar reis e
imperadores. A palavra do Papa era lei.
E esta podia alcançar a mais insignificante aldeia na Grã Bretanha rural,
através de uma rede vasta de padres. Durante séculos uma sucessão de papas
ousou ter uma guerra de palavras com as casas reais de Europa numa tentativa de
criar um império cristão unificado.
Em 1095 os ferozes turcos de Seljuk, guerreiros nômades recentemente
convertidos ao Islão, tinham avançado a Leste e tinham estabelecido a sua
própria capital a uma distância de 100 milhas de Byzantium (conhecida como
Constantinopla, hoje Istambul), a capital do império romano oriental cristão. Instalado
o pânico, o Imperador Alexius de Byzantium emitiu uma mensagem ao papa Urbano
II, pedindo-lhe ajuda.
Urbano compartilhava o sonho do predecessor de um reino cristão que se
estenderia da costa atlântica até à ocidental Terra Santa, unificado sob a
batuta papal. O apelo de Alexius para a ajuda serviu perfeitamente as suas
finalidades. Urbano, entretanto, não estava satisfeito com a idéia de
unicamente defender Byzantium. Não, este
ambicioso papa queria libertar a própria Cidade Santa de Jerusalém, que fora
ocupada pelos muçulmanos desde os meados do século VII. Aqui estava uma
oportunidade de demonstrar o seu poder aos reinos da Europa. Uma oportunidade
única de auto-promover o seu nome.
Numa extraordinária excursão de diplomacia, Urbano visitou inicialmente o
sul e ao oeste da França, espalhando a notícia de um grande convênio a ser
realizado em Clermont, uma cidade no centro-sul da França. Assistiram à reunião
centenas de personalidades. No dia final,
Urbano levantou-se para fazer um discurso. Traçando um retrato terrível da
crueldade dos turcos, apelou para que todos os cristãos se esquecessem das suas
discussões com o companheiro cristão, e que respondessem à apaixonada chamada
para uma grande Cruzada para libertar Jerusalém.
O apelo foi rapidamente remetido através da Europa pela rede da igreja. Desta maneira, o papa contornou os monarcas
dos países europeus e apelou diretamente aos nobres, e aos seus súbditos.
Àqueles que viam a guerra como um ato anticristão, Urbano explicou que as
palavras da Bíblia tinham sido mal interpretadas. Embora o sexto mandamento indique
claramente, não matarás, agora era somente um pecado matar cristãos. Matar
muçulmanos era perfeitamente aceitável. Além
disso, Urbano prometia que qualquer um que morresse na batalha estaria perdoado
de todos os seus pecados nesta vida e na seguinte seria garantido um bilhete ao
para o céu. Mas advertiu também que quem desertasse seria excomungado pela sua
covardice.
De entre os cavaleiros de guerra da Europa, muitos dos quais não estavam
particularmente bem financeiramente, a oportunidade de pilhar as cidades ricas
do leste era irresistível. E com a benção de Deus! De todos os cantos,
cavaleiros e camponeses - frequentemente com as famílias inteiras a reboque -
marchavam através da Europa com destino a Byzantium. A primeira Cruzada estava
em marcha.
Os livros escolares pintavam um retrato romântico da primeira Cruzada:
cavaleiros nas suas lindas armaduras lutavam contra os árabes infiéis em nome
de Deus. Na realidade, nada podia estar mais longe da realidade.
O mundo árabe era relativamente calmo e civilizado naquela época. A um
cavalheiro árabe esperava-se que fosse um poeta e um filósofo assim como um
guerreiro. Tinham calculado corretamente a distância da terra à lua. E um árabe
tinha sugerido mesmo que se fosse possível dividir o átomo, libertaria
suficiente energia para destruir uma cidade do tamanho de Bagdá. Além disso, a
própria Jerusalém era uma cidade multicultural. Os judeus, os muçulmanos e os
cristãos viviam harmoniosamente. Era permitida aos cristãos em peregrinações a
Jerusalém atravessar os lugares Santos.
Em contraste com o bando de Europeus bárbaros que atingiam o Médio
Oriente, eram um monte de selvagens em fúria. Queimava-se, pilhava-se,
violava-se e destruía-se à sua maneira através da Europa e dos Bálcãs. Quem
chegou primeiramente a Byzantium na resposta à chamada de Alexius para a ajuda
foi um conjunto 15 000 vagabundos, conduzidos por um monge carismático chamado
Pedro o eremita.
O imperador ficou horrorizado. Esperava talvez uma ou duas centenas de
cavaleiros armados do papa. Certamente não iria deixar entrar Pedro e os seus
desordeiros bárbaros na sua cidade. Foram seguidos por milhares de Francos e de
povos germânicos, incluindo cavaleiros e seus seguidores. Alexius enviou-os a
todos desordeiramente através do Bósforos na Turquia. Estava feliz por vê-los
pelas costas.
Quando os Cruzados chegaram à Turquia do norte, o massacre começou. A
cidade de Lycea foi capturada e loteada. Os relatórios diziam que bebês tinham sido
retalhados. Os idosos eram sujeitos a
todos os tipos de tortura. Infelizmente, a maioria dos habitantes de Lycea eram
realmente Cristãos.
Os distúrbios continuaram para Sul até à Terra Santa. Após os confrontos
com os Turcos os Cruzados regressavam ao campo de batalha com cabeças de
muçulmanos enfiadas nas lanças. Numa ocasião fizeram prisioneiros de guerra transportar
as cabeças dos seus próprios colegas. Cinqüenta milhas a sul de Antiocia,
quando capturaram a cidade Marrat, os cruzados deram-se inclusive ao
canibalismo. Como Radulph de Caen, observou. "As nossas tropas cozem
pagãos adultos na panela. Enfiam as crianças no espeto e devoram-nas
grelhadas". Estes não foram os agentes de Deus. Foram tão somente um bando
de carniceiros sanguinários.
Eventualmente, em Junho de 1099, eles chegam a Jerusalém, a qual foi
sitiada e capturada em Julho. Os primeiros a porem os pés nas muralhas da
Cidade Santa foram dois irmãos flamengos. Por essa proeza tornaram-se heróis
legendários. Eles eram tão famosos quanto Neil Armstrong o é hoje. Os Cruzados
infringiram medonha carnificina nos indefesos habitantes, massacrando Judeus e
Muçulmanos nos seus locais de culto. Foi afirmado que o sangue jorrava pelas
pernas dos cavaleiros.
Mas os Cruzados foram julgados por terem sido estonteantes de sucesso. A Cidade Santa tinha sido recapturada aos
infiéis.
Segunda Cruzada
(1147-1149)
Dirigida por Conrado III da Alemanha e Luís VII da França. Esta cruzada foi pregada na Europa por São
Bernardo (monge Cister).
A aliança de Conrado III com o imperador bizantino Miguel Comneno e de
Luís VII com Rogério II da Sicília, ocasionou o rompimento entre os dois chefes
cruzados. E, ao empreenderem ofensiva em terra, foram derrotados em Doriléia.
Terceira
Cruzada (1189-1192)
Esta cruzada foi organizada depois da conquista de Jerusalém pelo Sultão Saladino,
em 1187. É a famosa Cruzada dos Reis. Participaram dela Ricardo Coração de Leão
(Inglaterra); Filipe Augusto (França) e Frederico Barba Ruiva (Sacro Império).
Apesar de sua coragem e bravura, demonstrada nos combates, Ricardo
Coração de Leão não conseguiu retomar Jerusalém, mas assinou um armistício com
o Sultão Saladino, pelo qual os cristãos eram autorizados a peregrinarem até
Jerusalém.
Quarta
Cruzada (1202-1204)
O papa Inocêncio III convocou mais uma cruzada, esta com a finalidade de
dirigir-se ao Egito. Financiada pelos mercadores de Veneza e viciada em suas
origens pelo interesse mercantil, acabaria inteiramente desvirtuada de seus
objetivos cristãos.
A Quarta Cruzada assinalou o declínio mercantil de Constantinopla e a
ascensão das cidades italianas, que passaram a monopolizar o comércio de
especiarias no Mediterrâneo.
Quinta
Cruzada (1217-1221)
A Quinta Cruzada tornou-se conhecida como a Cruzada das Crianças. Para justificar as derrotas anteriores,
difundiu-se a lenda de que o Santo Sepulcro só poderia ser conquistado por
crianças, pois estas estavam isentas de pecados. Foram reunidas vinte mil crianças
alemãs e trinta mil francesas e encaminhadas para Jerusalém. Foram todas
exterminadas, aprisionadas ou vendidas como escravos nos mercados do Oriente.
Sexta Cruzada
(1228-1229)
A Sexta Cruzada, organizada por André II, rei da Hungria, e comandada por
Frederico II, do Sacro Império, entrou em acordo com o sultão de Damasco,
obtendo por dez anos a posse de Jerusalém. Alguns anos mais tarde, os
muçulmanos dominaram a região e o acordo foi rompido.
Sétima e
Oitava Cruzadas
Foram organizadas entre 1250 e 1270. Seu comando coube a Luís IX, rei da
França. As duas malograram. Luís IX morreu vítima da peste, em Túnis, sendo
canonizado pela Igreja.
No plano econômico, as Cruzadas foram diretamente responsáveis pela
reabertura do Mediterrâneo à navegação e ao comércio da Europa. Essa reabertura possibilitou o reatamento das
relações entre o Ocidente e o Oriente, interrompidas pela expansão muçulmana.
Contribuiu, assim para acelerar o Renascimento Comercial no ocidente da Europa.
O fracasso das Cruzadas contribuiu indiretamente para a decadência do sistema
feudal. O reaparecimento do comércio, intensificado pela reabertura do
Mediterrâneo, propiciou o renascimento das cidades na Europa.
O Renascimento Comercial e Urbano do ocidente da Europa, a decadência do
feudalismo, o declínio do poder da nobreza e o surgimento da burguesia foram,
direta ou indiretamente, conseqüências das Cruzadas.
Fonte:
http://cavalaria.espiritual.vilabol.uol.com.br/cruzadas.htm
Imagem: http://profisabelaguiar.blogspot.com.br